quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Identidade e TIC

Numa das redes sociais que mais adesão tem em todo o mundo difundiu-se durante esta semana o desafio de todos os utilizadores alterarem a fotografia do seu perfil e substituindo-a com um boneco de desenho animado ou banda desenhada. Se no inicio a sua origem apareceu mais clara, informando que se tratava de uma iniciativa desencadeada por um jornalista português, horas mais tarde, ou até mesmo minutos, a informação que circulava atribuia a este efeito uma origem internacional e houve (há) até quem conteste o movimento sugerindo a sua possível relação com a pedófilia...
Este fenómeno, igual a tantos outros que ocorrem em todo o ciberspaço todos os dias, leva-nos a questionar acerca das reconfigurações individuais da(s) nossa(s) identidades(s) perante a afirmação da globalização e da comunicação.
Se pensarmos o ciberespaço como como espaço isento de atrito espacio-temporal facílmente imaginamos os diferentes fenómenos que nele podem ocorrer. O indivíduo passa a ser produtor e consumidor de conteúdos tornado-se um elemento fundamental na sua difusão e consequentemente globalizando representações cognitivas, relacionais, afectivas, sociais, etc.

Não só as noções de espaço e tempo se alteram, como as fronteiras, a intimidade, a cidadania, as ideologias, a sexualidade, entre outros, reconfiguram-se perante o processo de glocalização em que o indivíduo a partir da sua representação local apropria-se do global ficando suspenso no ciberespaço. Exprimentando a oscilação entre o local/global ,o índivíduo, fisicamente ausente, mas virtualmente presente, percorre a Rede em busca de informação, conhecimento e saber, à prucura de lazer, relações e afirmações.
A possibilidade de anonimato ou de um nickname e adopção de uma ou mais personalidades, que fora do ciberespaço não seriam possíveis, confere hoje às tecnologias de informação e comunicação um papel crucial na transformação da(s) identidade(s).
Esta expriência, não apenas de oscilação, mas também de hibridismo, é proporcionada pelo o acesso à imagem, escrita e video e pela mobilidade isenta de atrito-espacio temporal.
As comunidades, que antes se caracterizavam por situar-se num tempo preciso e num território físico, encontraram no ciberespaço um lugar (ou talvez não-lugar) de índivíduos nómadas, movidos pela busca de informação, de conhecimento, pela partilha e pertença.
À procura de si mesmo ou do outro o homem aboliu fronteiras, encurtou distâncias, viaja a um ritmo alucinante, defende, altera, mostra e esconde a sua identidade, sofrendo metamorfóses que nos caracterizam como uma verdadeira Sociedade da Informação.

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